Xcellence Business Newsletter

Insights e práticas sobre excelência operacional, gestão de processos e Centros de Serviços Compartilhados (CSC).

Carlos Magalhaes Carlos Magalhaes

O Respeito é Importante: Quando a Alma Humana se Perde nos Preconceitos

Aristóteles já afirmava que a racionalidade distingue a alma humana. Ele diferencia três partes da alma: a vegetativa (nutrição e crescimento), a sensitiva (percepção e movimento) e a racional (pensamento e intelecto), sendo esta última exclusiva dos seres humanos (De Anima, Livro II, cap. 3; Livro III). A racionalidade, portanto, deveria ser a força que nos guia para escolhas mais justas, equilibradas e sustentáveis.

No entanto, a história revela um paradoxo inquietante: apesar da inteligência e da capacidade reflexiva, continuamos a reproduzir injustiças, preconceitos e a própria destruição do planeta que habitamos. Muitos argumentam que “a humanidade ainda está em desenvolvimento”, mas essa explicação já não se sustenta. No ritmo acelerado das transformações culturais, sociais e tecnológicas, a persistência da intolerância e da desigualdade demonstra que nossa racionalidade nem sempre é usada como instrumento de progresso coletivo (Sennett, 2001; Bauman, 2001). Podemos concluir que, se esse ritmo se mantiver, não sobrará sociedade para conviver nem planeta para viver.

Read More
Carlos Magalhaes Carlos Magalhaes

CSC (Centro de Serviços Compartilhados) em Risco?

Os Centros de Serviços Compartilhados (CSCs) foram concebidos como estruturas de eficiência administrativa e racionalidade organizacional. Sua lógica repousa sobre pilares que incluem: processos end-to-end (E2E) simplificados e padronizados, tecnologia orientada a dados, equipes críticas e experientes e governança consistente (Magalhães, 2018).

Entretanto, a evolução recente do trabalho corporativo coloca em risco esses fundamentos. A perda de cognição humana (Polanyi, 1966), a delegação excessiva de decisões à Inteligência Artificial (Brynjolfsson & McAfee, 2014) e a crescente superficialidade de pensamento nas organizações (Han, 2017) revelam fragilidades profundas no modelo atual.

Read More
Carlos Magalhaes Carlos Magalhaes

Fora do FIT? A Invisibilidade do Conhecimento após os 50 Anos: Entre Cultura Organizacional, Inteligência Artificial e Futuro do Trabalho

O conceito de FIT cultural surgiu na literatura de gestão como forma de avaliar a compatibilidade entre indivíduos e organizações (Chatman, 1989; Kristof, 1996). Em sua formulação original, tratava-se de um mecanismo para reduzir conflitos, aumentar o engajamento e fortalecer a coesão organizacional.

Na prática, contudo, esse conceito vem sendo distorcido. Organizações passaram a utilizá-lo como critério de exclusão, principalmente contra profissionais acima dos 45–50 anos, muitas vezes sob a justificativa de “custos” ou de “aderência cultural”. O fenômeno conecta-se ao que North e Fiske (2016) chamam de etarismo corporativo, ou seja, a discriminação sistemática baseada na idade.

Este ensaio acadêmico discute criticamente a aplicação enviesada do FIT cultural, sua transferência para algoritmos de Inteligência Artificial e as consequências não apenas para empresas, mas para Estados e sociedades. A análise dialoga com teorias clássicas de gestão, inovação e sociologia, ao mesmo tempo em que integra provocações sobre o futuro do trabalho, automação e contrato social.

Read More
Carlos Magalhaes Carlos Magalhaes

Síndrome de Gabriela: A Barreira entre a Tradição e a Aprendizagem para a Mudança

A expressão “Síndrome de Gabriela” tornou-se popular no Brasil como metáfora para descrever indivíduos ou organizações que resistem à mudança. Sua origem remonta à personagem Gabriela, criada por Jorge Amado no romance Gabriela, Cravo e Canela (1958), cuja identidade era expressa na célebre frase:

“Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim: vou ser sempre assim – Gabriela.” (Amado, 1958)

Essa postura traduz-se, na prática, em comportamentos de inércia, apego a rotinas obsoletas e recusa em adotar novos modelos, mesmo diante de evidências de sua ineficiência. Trata-se de um fenômeno comportamental que pode ser analisado sob diferentes perspectivas — psicológica, organizacional e educacional.

Read More